Sem professores, UPE inicia ano letivo com mais de 200 disciplinas sem educador

Alunos calouros e veteranos da Universidade de Pernambuco (UPE) foram surpreendidos ao começar o ano letivo, na última segunda-feira (2), com a informação de que não há professor para ministrar 276 disciplinas em diversas graduações. A instituição tem 54 cursos. As vacâncias ocorreram porque 147 docentes temporários não tiveram seus contratos de trabalho renovados.

Segundo o reitor Pedro Falcão, a Secretaria de Administração não autorizou a renovação desses contratos. O governo estadual ultrapassou o limite prudencial, na Lei de Responsabilidade Fiscal, dos gastos com pessoal. Relatório publicado sábado passado, no Diário Oficial, informou que o Estado investiu 46,91% da receita com pagamento de pessoal, quando o limite de alerta era 44,10% e o prudencial, 46,55%.

No curso de administração, ofertado na Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP), no Recife, faltam docentes em sete períodos do turno da manhã e também em sete no turno da noite, conforme comunicado enviado pela coordenação do curso ao Diretório Acadêmico de Estudantes. O diretor da unidade, Durval Lins, informa que são 23 disciplinas sem professores.

FRUSTRAÇÃO

Jovens que acabaram de ingressar na UPE, depois de serem aprovados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou pelo Sistema Seriado de Avaliação (SSA), ficaram frustrados com a falta de aula.

“Das cinco matérias do primeiro período da manhã, três estão vagas. É alarmante um número tão alto, na faculdade, de disciplinas sem professores”, observa a coordenadora de comunicação do DA, Maria Eduarda Lobo, aluna do 5º período noturno. Na turma dela há somente uma matéria sem mestre.

“Acordei cedo para chegar na faculdade. Voltei para casa, na terça, sem ter tido aula. É frustrante. Moro em Águas Compridas, em Olinda, mas tenho colegas que vêm do interior. Por que o governo não resolveu isso antes de começar o semestre letivo?”, questiona Pedro Nascimento, do 1º período de administração

“Ano passado entraram 14 docentes, todos doutores, chamados de concursos realizados em 2016 e 2017, o que qualificou ainda mais o curso de administração. Porém não foi suficiente para suprir nossa necessidade. Porque perdemos outros 14 professores temporários. É importante que haja novos concursos”, comenta Durval.

Na Escola Politécnica de Pernambuco, também no Recife e que reúne as engenharias, existem 40 disciplinas sem ter quem as lecione. A unidade de ensino perdeu 17 docentes que eram temporários, informa o diretor, José Roberto Cavalcanti. É o mesmo número de matérias ociosas juntando os câmpus Mata Norte, em Nazaré da Mata, e Mata Sul, em Palmares, ambos na Zona da Mata pernambucana.

“Saíram 13 professores de Nazaré e quatro de Palmares. Eles ainda não foram substituídos”, diz a diretora das duas unidades, Maria Auxiliadora Campos. “Estamos pedindo aos docentes efetivos que, quando possível, adiantem os conteúdos nessas aulas que estão vagas. Porque a maioria dos nossos alunos mora distante, paga transporte para chegar na faculdade”, explica Auxiliadora.

SELEÇÃO

Para resolver o problema da falta de professores, a UPE vai abrir uma seleção simplificada a fim de contratar 120 docentes. A previsão do reitor é iniciar o processo na próxima semana. Ele acredita que até o início de abril, ou seja, em aproximadamente um mês, os profissionais estarão em sala de aula. O reitor garante que nenhum estudante será prejudicado.

“Nos contratos temporários o pagamento do professor é por aula ministrada. Com a seleção simplificada o docente é contratado por um período, que deve ser de dois anos. Além de dar aula ele pode participar das atividades de pesquisa e extensão”, explica o reitor.

Pedro Falcão teve reunião ontem com os diretores das unidades acadêmicas para tratar do problema. A universidade existe em 10 municípios pernambucanos: Recife, Camaragibe, Nazaré da Mata, Palmares, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Serra Talhada, Salgueiro e Petrolina.

O edital da seleção simplificada foi encaminhado pela UPE para análise da Procuradoria Geral do Estado. “Nossa previsão é no mais tardar no final de março ou começo de abril ter a seleção concluída, com os professores já nas unidades”, observa Pedro Falcão.

Uma sugestão dada aos diretores é que os professores efetivos acelerem seus cronogramas para que os que chegarem depois tenham mais horários disponíveis, a fim de suprir as aulas até então não ministradas.

“Não haverá atraso no calendário acadêmico. Garanto que os alunos não vão ser prejudicados. Estamos resolvendo as pendências”, afirma o reitor.

FONTE: JC

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